Só ser feliz ...
- George Addair
- 22 de dez. de 2016
- 4 min de leitura

Certa vez, em um momento difícil, ouvi que existe uma explicação para tudo que acontece na nossa vida. Na hora eu fiquei com raiva. Eu me perguntava de maneira infantil porque diabos cada escolha tomada representa uma renúncia e porque temos que perder algumas coisas pra ganhar outras. Eu nunca gostei muito de mudanças. Quando estamos com raiva ou perdemos a fé, culpamos os outros pelas nossas escolhas, culpamos a nossa falta de sorte ou falta de competência pelas coisas que acontecem na nossa vida, e não entendemos os planos do universo pra nós, e não entendemos que sim, de fato nós temos que perder algumas coisas pra ganhar outras e sim, sempre foi e sempre será assim, a gente entendendo e aceitando ou não, mesmo que seja difícil.
Vai ser fácil, eles dizem. Tente mais. Se esforce mais. Engole esse choro. Eu sei que você consegue. Então você cai e depois que você cai você tem medo de se machucar de novo e você deixa esse medo te impedir de continuar caminhando e seguir em frente, e você permite que o medo te impeça de enxergar que o verdadeiro desafio do nosso desenvolvimento mental, emocional e espiritual acontece quando somos derrubados, acontece quando caímos. E você esquece que só aprendeu a andar de bicicleta depois de cair. Você esquece que só aprendeu a nadar, depois de se afogar. Eu queria mesmo era ter a coragem das crianças. A verdade é que quando somos crianças temos muito mais coragem pra enfrentar o mundo do que quando somos adultos.
Não tenha vergonha de chorar quando o seu time perde ou quando ele ganha. Não tenha vergonha de se emocionar com aquele filme brega de sessão da tarde. Não tenha medo de tomar um porre ou outro ao longo da sua vida, mas também não tenha vergonha de admitir que bebeu demais. Somos construídos pelos nossos acertos, mas principalmente pelos nossos erros. E de repente a gente cresce e quando a gente cresce, percebe que nunca é velho demais pra fazer certas coisas, como pegar na mão dos nossos pais enquanto caminhamos com eles pelo shopping ou sentar no colo deles depois daquela semana difícil. A gente percebe que não é velho demais pra brincar de boneca quando volta a brincar com aquela afilhada, você descobre que não existe uma idade pra se sentir vulnerável ou pra sentir medo. A diferença é que o medo muda de acordo com a sua idade, e aquele seu medo de bicho papão e dos monstros que viviam de noite no seu quarto, se transformam em medos mais complexos, você passa a sentir medo de sonhar e mais medo ainda de não realizar esses sonhos, você sente medo de não se encaixar. Você sente medo de ser rejeitado. Você sente medo de perder quem você ama.
Não deixe o seu medo te paralisar, não deixe que o medo te impeça de fazer algo que você sabe que é capaz de fazer. Não deixe que o medo te impeça de se apaixonar verdadeiramente por algo. Ache uma coisa que você ama e lute por ela. E isso vale tanto para o seu trabalho, quanto para os seus companheiros amorosos, para os seus amigos e para absolutamente todas as escolhas da sua vida. Todas elas têm de ser feitas com amor. Você precisa fazer o que você ama e você precisa amar o que você faz.
Você não tem o direito de deixar que o seu medo machuque as pessoas, só porque alguém te machucou. Não deixe que o seu medo impeça você de amar novamente. Te impeça de amar a sua profissão, porque você foi demitido daquele emprego que te atormentava. Não deixe que o medo te impeça de amar novamente alguém, só porque você terminou aquele relacionamento de anos que te fazia infeliz. Não se acomode. Não se contente.
Não se prenda a dogmas. Dogmas são pensamentos construídos por outras pessoas. Não deixe que a voz gritante da opinião dos outros cale a sua voz interior. Tenha coragem para pensar além. Tenha coragem para ser diferente. É preciso coragem pra destoar e mais coragem ainda pra pintar a cabeça dos outros com as suas cores. Você tem que acreditar em algo que te faça seguir em frente: carma, a sua força de vontade, destino, Deus. Chame como quiser.
Não perca o seu precioso tempo com as pessoas que você não gosta, com as coisas que você não gosta, perca o seu precioso tempo com as pessoas que você ama, perca o seu precioso tempo com aquele trabalho que te faz vibrar. Faça o que você ama e o que você acredita que vai te fazer feliz. No fim é só isso que importa. Ser feliz. Ser feliz nessa caminhada difícil. Ser feliz diante de todos esses obstáculos, diante de todos os problemas. Ser feliz depois de achar que não dava mais pra ser feliz. Ser feliz depois de sofrer. No fim, o que importa é encontrar o que te move e simplesmente, inacreditavelmente, surpreendentemente, só ser feliz.
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